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Análise

A Sondagem Industrial é uma pesquisa aplicada anualmente desde 1995, visando mostrar qual o desempenho atual do setor e, também, as expectativas da indústria paranaense para o ano seguinte. Ela é também um importante instrumento para a compreensão das estratégias dos industriais do estado.

Análise dos Resultados da Sondagem Industrial

2023 - 2024

Observando os principais resultados da pesquisa, 15% dos industriais participantes acreditam que a economia do país em 2024 apresentará crescimento ou forte crescimento. E esse otimismo é motivado principalmente por um maior dinamismo da atividade econômica quanto pela capacidade de influência da política nacional. Já quando perguntados sobre as expectativas da indústria para 2024, 42% dos industriais se mostraram otimistas ou muito otimistas. Justifica esse nível de otimismo as expectativas no aumento de vendas para o ano que vem bem como acesso em novos mercados.

No que tange às estratégias de investimentos, 90% dos empresários pretendem realizar novos investimentos em 2024 e suas prioridades serão em melhoria de processos, produtos ou serviços, redução de custos de produção, prospecção de mercados e ampliação da capacidade produtiva. Para tanto, a maioria pretende utilizar os próprios recursos como principal fonte para custear os investimentos. Essas prioridades de investimentos podem indicar estratégias de ampliação de mercados, vendas e manutenção ou ampliação da competitividade e estão alinhadas às expectativas otimistas ou muito otimistas sobre o desempenho da indústria para 2024.

Nesse cenário, os temas de maior impacto para o desempenho dos negócios em 2024, elencados pelos industriais paranaenses, são a conjuntura econômica nacional, a agenda de reformas, a corrupção, a conjuntura econômica internacional e a segurança energética/hídrica.

Fechando o rol das expectativas industriais para 2024, vale destacar o comércio internacional, onde 47% dos industriais que participaram da pesquisa afirmaram ter a intenção de exportar no próximo ano, com destaque para a exportação de outros produtos e máquinas e equipamentos. Esses empresários apontam que o conhecimento dos mercados, o conteúdo tecnológico e a demanda são os principais fatores de influência positiva. Já taxas, burocracia administrativa, tempo de fiscalização e custos são os fatores com maior influência negativa para a exportação.

Já em relação às importações, 52% dos industriais afirmaram ter a intenção de importar em 2024, com destaque para a importação de insumos e matérias-primas, seguido de máquinas e equipamentos. Esses empresários apontam que o conteúdo tecnológico, o conhecimento dos mercados, preço e qualidade, demanda e as políticas de incentivos governamentais são os principais fatores de influência positiva para importar. Taxas, burocracia administrativa, tempo de fiscalização, situação econômica e geopolítica internacional, leis/normas e regulamentos são os fatores de maior influência negativa à aquisição de mercadorias no comércio internacional.

É importante salientar que o mercado externo é uma oportunidade a ser explorada, mas demanda competitividade, conhecimento do mercado-alvo e estratégia clara por parte das empresas.

Em relação aos resultados de 2022, percebemos que 57% dos empresários industriais paranaenses afirmaram que tiveram um ano bom ou muito bom em relação ao seus negócios, tendo como principais fatores vendas, produtividade e competitividade, novos mercados e investimentos. Esses empresários também indicaram que quatro temas se destacaram com alto impacto sobre o desempenho dos negócios em 2023. O tema mais relevante para os industriais é a carga tributária, seguido pela conjuntura econômica nacional, corrupção, e conjuntura econômica internacional.

Nesse sentido, quando questionados sobre os investimentos realizados, a maior parte das indústrias que participaram da pesquisa afirmaram ter realizado pelo menos parte de seus planos de investimento para 2023. Dos respondentes, 21% não realizaram nenhum dos investimentos planejados e 79% afirmam ter realizado algum investimento no ano. Desses, 40% realizaram até 50% dos investimentos almejados e 30% das empresas realizaram de 50 até 100% dos investimentos inicialmente projetados para 2023. Aproximadamente 9% das empresas participantes afirmaram ter realizado acima de 100% dos investimentos previstos.

Esses resultados refletem o bom desempenho das indústrias, conforme informado pelos respondentes, apesar dos desafios que ainda se impuseram neste ano. As indústrias participantes apontaram como prioridades de investimento a melhoria de processo, ampliação da capacidade produtiva, redução de custos de produção e a melhoria de qualidade. Elas também informaram que utilizaram recursos próprios como a principal fonte de recurso para financiar suas iniciativas. Em linhas gerais, esse comportamento se explica pela dificuldade no acesso e pelo alto custo do crédito, além dos riscos de endividamento e as dificuldades inerentes na tomada de crédito.

Quando perguntados sobre a gestão de suprimentos, os empresários industriais apontaram a relação com os fornecedores e a qualidade dos produtos como os fatores mais adequados, tanto para o mercado nacional quanto para o mercado internacional. Já o preço dos insumos apareceu como o fator mais inadequado para os fornecedores nacionais e logística como o principal gargalo enfrentando pela indústria paranaense para com os fornecedores internacionais.

É necessário colocar em relevo que a escolha de fornecedores é fator fundamental para o sucesso de qualquer negócio em qualquer tempo, especialmente em momentos de crise. De modo geral, a pesquisa indicou oportunidades ao identificar os níveis de satisfação em relação aos fornecedores, principalmente no mercado internacional. Há possibilidades de substituição de fornecedores em nível internacional por fornecedores nacionais, o que estimularia um maior dinamismo do mercado local.

Já em relação à concorrência, independentemente do mercado de atuação, o empresário industrial avalia que a qualidade, a gestão, a cadeia de fornecedores, logística e o pós-venda são os seus principais pontos fortes. Por outro lado, os empresários também afirmam que a burocracia, a carga tributária, a competição desleal e a segurança/insegurança jurídica são os principais pontos fracos.

Vale destacar que os pontos fortes estão mais relacionados aos fatores internos à empresa, que podem ser trabalhados e melhorados aumentando a competitividade e a atuação no mercado. Já os pontos fracos estão mais relacionados aos fatores externos à empresa, sendo necessária a atuação e o apoio de entes públicos de todas as esferas de governo.

Em relação às atividades de comércio exterior, do conjunto das indústrias respondentes, 43% afirmaram ter exportado em 2023. Destacam-se a exportação de outros produtos, seguido de insumos e matérias-primas. Esses empresários apontaram o conhecimento dos mercados, o conteúdo tecnológico e a preço e qualidade como os principais fatores de influência positiva.

Em contrapartida, afirmaram que taxas, burocracia administrativa e tempo de fiscalização e leis, normas e regulamentos são os fatores com maior influência negativa para a atividade de exportação em 2023.

Quanto às atividades de importação, dentre as empresas respondentes, 54% afirmaram ter realizado algum tipo de importação em 2023. Destacam-se a importação de insumos e matérias-primas, seguido de máquinas e equipamentos.

Esses industriais apontam o conteúdo tecnológico, preço e qualidade e conhecimento do mercado como os principais fatores de influência positiva. Já taxas, burocracia administrativa e tempo de fiscalização, leis, normas e regulamentos, barreiras não tarifárias e custos como os fatores com maior influência negativa no processo de importação.

Objetivando acompanhar as mudanças no mercado e analisando novas oportunidades, foi questionado aos industriais sobre o tema descarbonização. Assim, ao serem questionados sobre seu interesse e conhecimento sobre o tema, 91% dos empresários industriais responderam como regular e positivo os impactos da descarbonização na indústria. Para os respondentes, os fatores que mais influenciam no processo de descarbonização da atividade industrial estão relacionados ao apoio na capacitação/formação de empresários, novas fontes de energia e apoio de consultorias. No que tange às ações de apoio do Sistema Fiep no processo de descarbonização, foi identificado que ações de apoio na capacitação/formação de empresários, apoio em consultoria/implantação e defesa de interesse sobre o tema como as principais linhas de ações.

É importante considerar que o comércio internacional pode significar uma ampliação de mercados para as indústrias, principalmente em um período de crise econômica e com câmbio favorável. Nesse sentido, as atividades de exportação podem e devem ser aproveitadas por empresas de todos os segmentos e portes. Além disso, as mudanças na relação de comércio internacional, observadas recentemente, podem favorecer a relação de proximidade com fornecedores, buscando evitar a interrupção dos fluxos produtivos e a oscilação de custos em momentos de dificuldade, apresentando-se como oportunidades a serem exploradas por fornecedores nacionais.
Em resumo, apesar das dificuldades enfrentadas pelo setor produtivo, os resultados da Sondagem Industrial mostraram que o ano de 2023 foi positivo. Os resultados indicam que, na perspectiva do empresário industrial paranaense, a economia e, principalmente, a atividade produtiva em 2024 podem passar por um período de ajustes, com possibilidade de enfrentamento de dificuldades de crescimento.
A indústria do Paraná se mostra disposta a cooperar para o crescimento do país por meio de sua intenção de realizar novos e substanciais investimentos, gerando renda e empregos de qualidade no estado. Nesse contexto, a manutenção de estratégias sólidas de enfrentamento dos problemas nacionais, com a estabilidade macroeconômica, social e política, o avanço das reformas e o apoio ao setor produtivo podem contribuir para aprimorar o ambiente de negócios e, consequentemente, melhorar os resultados da atividade produtiva em 2024.

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